Trigo
História do Trigo
É remotíssima a origem do trigo. O homem cultiva o triticum vulgare, pelo menos, há seis mil anos, no início, triturando-o entre pedras rústicas, para aproveitar a farinha. Foram encontrados grãos de trigo nos jazigos de múmias do Egito, nas ruínas das habitações lacustres da Suíça e nos tijolos da pirâmide de Dashur, cuja construção data de mais de três mil anos antes de Cristo.
A origem do precioso grão mistura-se com as lendas de quase todas as religiões: os egípcios atribuíam o seu aparecimento à deusa Isis; os fenícios a Dagon; os hindus a Brama; os árabes a São Miguel; os cristãos a Deus.
O uso do pão branco, de massa fermentada, é atribuído, em primeiro lugar, aos egípcios, 20 a 30 séculos antes de Cristo. Com o passar dos tempos, aperfeiçoou-se a técnica de fabricação, controlando-se melhor a fermentação.
Devido à seleção dos produtores e, mais recentemente, ao trabalho de pesquisas científicas, a cultura do trigo ampliou-se, ocupando áreas cada vez maiores e alcançando produtividade maior. Destacam-se como grandes produtores: China, Rússia, Estados Unidos, Índia, Canadá, França, Turquia, Austrália, Argentina e Reino Unido.
O TRIGO NO BRASIL
O trigo deve ter sido uma das primeiras culturas tentadas pelos portugueses no Brasil. A história do trigo no Brasil teve início em 1534, quando as naus de Martim Afonso de Sousa trouxeram as primeiras sementes de trigo para serem lançadas às terras da Capitania de São Vicente, de onde foi difundida por todas as capitanias, invadindo até a Ilha de Marajó, cujas plantações se tornaram , mais tarde, famosas.
Os trigais brasileiros se anteciparam aos norte-americanos, argentinos e uruguaios, pois o Brasil foi o primeiro país americano a exportar trigo, graças às lavouras que teve em São Paulo, Rio Grande do Sul e outras regiões, antes do aparecimento da ferrugem.
Em 1737, alguns colonos dos Açores chegaram ao Rio Grande do Sul e se dedicaram à triticultura. Em 1780 foi colhido no Rio Grande do Sul 61.111 alqueires de trigo ou 2.000 toneladas e em 1781 62.879 alqueires. Havia contrabando de trigo para Montevidéo, quando houve o incentivo do Governo em exportar trigo para Portugal. Assim, exportaram 12.878 alqueires em 1795 e 221.745, em 1816, produção essa que baixou a 80.440 em 1819 e a 20.623 em 1822.
Entre 1840 e 1850, embora a ferrugem já estivesse arruinando os trigais brasileiros, cultivava-se trigo no município pernambucano de Bonito, a 480 m de altitude; em Viçosa, Alagoas; na Chapada dos Veadeiros, em Goiás, entre outros. Eram culturas pioneiras que mostravam a possibilidade do Brasil produzir trigo não só nas regiões Sul e Leste, bem como no Nordeste e no Centro-Oeste, desde que se corrigisse a latitude com a altitude.
Mas, por volta do primeiro quartel do século passado, e devido à ferrugem que se abateu sobre os trigais brasileiros, começou a decadência de nossa triticultura na sua primeira fase. Os imigrantes europeus sempre contribuíram para a difusão da cultura do trigo. Porém não havia a preocupação em introduzir variedades resistentes às diversas ferrugens e capazes de se aclimatarem no Brasil.